Fantasmas Musicais

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Por que elas são como espíritos. As músicas, cada nota que você sente... as ondas vibrantes são decodificadas em seus ouvidos e então, se perde em pensamentos, o olhar fica vago, e o coração...
Quando a gente pensa que esqueceu, que tudo passou, toca aquela música.. logo aquela, sabe? E então a queda abre novamente a ferida cicatrizada; como se voltássemos ao epicentro do tremor.


São vários, nos cercam. Utilizam do melhor método para nos teletransportar a outra dimensão: a memória.
E aí, tem aquela parte preferida, que faz a mão gelar, o coração disparar, e chega a pensar que nunca deixou de sentir aquilo. Sim, por um segundo você ainda acha que tem tudo aquilo presente na sua vida.
Recordações, fotos - que não existem mais - , mensagens apagadas, depoimentos deletados, presentes no fundo da gaveta... e então, você percebe, que assim como a música acaba de findar-se... acabou. Assim  como a música que acabou de tocar, o seu coração e a sua mente percebem que não estão mais naquela frequência.

Não existe nem mais um resquício do torpor, do batimento acelerado, nos sentimos idiotas e fracos.
Mas sabemos, sabemos que é impossível não lembrar, não sentir... Sabe, chego até a conclusão de que se pudéssimos bloquear isso, não o faríamos. Não sei explicar o porquê. Talvez a nostalgia seja uma forma de sobrevivência, de aprendizado.

A dor, assim como a alegria, deixam marcas, que às vezes são esquecidas. O tempo passa, mas elas permanecem lá, mesmo sem percebermos.
Nos distraímos, esquecemos, compomos outras trilhas sonoras. Mas um dia, eles voltarão; aquelas músicas que estão naquelas velhas pastas, nos flashbacks das rádios... e às vezes você se sente tão vulnerável... e... ooops, conheço essa música... ha não, essa música não... logo agora...?

E entao, você não está mais aqui, está dentro de si, lutando contra seus próprios fantasmas. Uma luta que você adora perder, pra um dia recomeçar.

Por: bárbara rocha