Como tudo no mundo, a cultura também sofreu alterações, seu conceito pode até ter permanecido o mesmo, mas seu projeto material, na prática, se tornou algo muito subjetivo. A cultura não é mais aquilo que caracteriza uma região ou uma marca de um artista, praticamente se tornou o exótico, algo que seja diferente e que chame atenção, para que seja uma exposição.
Alguns artistas que estão apostando em uma arte pós-modernista, neo-expressionista, ou até pós-surrealista não estão cumprindo o real objetivo da arte como cultura, pois esse tipo de "arte" não está levando uma informação que chegue a contribuir com a sociedade, não transmite a essência que demarca a força e a forma de uma arte com algum fundamento tradicional.
Os materiais usados são os mais toscos possíveis, que se resumem em apenas bens materiais com fins lucrativos. Matéria-prima barata, mínima mão-de-obra, e acabam levando um retorno que seria digno como se fosse uma arte original e objetiva. A distorção de conceitos se transformou na banalidade com que as coisas são vistas, não são mais apreciadas e qualquer material/produto já se torna sinônimo de cultura.
Mas será essa a evolução da arte? Afinal, o que é, realmente, Cultura? Seria quadros pintados há séculos valendo milhões? No final das contas - porque há contas - pode-se comprar Cultura?
Cultura é muito mais do que vemos, é o que somos. Tudo aquilo que constitui nosso corpo e que não é genético.
Quem somos para julgar o que é Cultura? Talvez, para esses "artistas", isso que eles fazem é arte. É a sua cultura, não importa se com fins lucrativos ou não. Tudo que você faz, até indiretamente, não é também uma apelação ao capitalismo? De que adianta o livre-arbítrio se não podemos nem fazer o que queremos sem sermos julgados pela sociedade?
Por: bárbara rocha